2 de maio de 2010

Cera de Vela

Usa a forma estranha e recai sobre as plantas sujas
Seus movimentos cansados
Seus modernismos calados
Encontram gigantes amedrontados
Sobre as colinas do horizonte
E nos móveis abandonados
Ressoam os alarmes vibrantes na mente despedaçada
Ressoam os soluços
E os conflitos brecados, velados, atados nas pontes
Ontem caído
Ontem largado
Quem fala aos montes?
Quem fala aos montes?
Desaponta-me, vai e faz isso!
Meus olhos esbugalhados vão buscar os pecados
E revelá-los
E revivê-los
Depois condená-los
Usa a forma estranha e atrai os ramos enlameados
Suas pontas tão feias de agudas
Suas pernas fincadas em noites escuras
Encontram formigas assustadas
Sob a vida que corre em cima
E nos túneis intermináveis
Abandonam a fonte com passos lentos
Abandonam os escombros
E os diálogos deixados, arrastados, guardados nos cofres
Ontem traído
Ontem violentado
Quem fala aos ventos?
Quem fala aos ventos?
Aterroriza-me, cres que podes isso?
Meus movimentos desalinhados atenderão os tratados
E cobrá-los
E acolhê-los
Depois matá-los


- Aos anos desequilibrados,
dias de chuvas,
dias de curvas,
acentuadas,
aliviadas...
... Recomeço -

Um comentário:

Mr. D. disse...

"Ontem caido, ontem largado... Quem fala aos montes?"

Muito bom Zé!!!