14 de julho de 2008

A Caçada - Corajosos Sonhos Reais

Para quem conhece um metrô, sabe bem como é curioso (por mais que irrelevante) o som que pode ouvir do veículo em movimento. Não façam isso em casa crianças, ou melhor, nunca façam isso no metrô... Mas eu já o fiz e é mesmo muito interessante, fechar os olhos e sentir a aproximação somada ao barulho e o vento que bate no rosto, quando na plataforma você cruza a linha de advertência: "Não passe daqui enquanto espera"!!
Sempre fui um problema para mim mesmo quando o assunto é esperar, ao menos o que me interessa. Muito bem, o som do metrô remete à confusão das grandes cidades, mas remete também a velocidade que gira dentro delas e que na minha forma de ver, sentir; circula dentro de cada um de nós e portanto, faz com que o homem busque esse "crescimento", que no caso dos grandes centros, se reflete na arquitetura, na construção civil de forma geral e no caos do trânsito, no caos humano, no caos.
Mas se o caos pode ser a exposição do que acontece por dentro, eu fico imaginando... E como é que isso se manifesta em lugares menores? E como afinal, é que as pessoas podem vez ou outra encontrar suas linhas de advertência e cruzá-las? Na intenção de conhecer seus limites e correr seus perigos de morte em busca de imaginção, sonhos corajosos (mesmo que internos), reais quando se externalizam, como podem?
Eu sempre soube achar essa linha em mim, mas meus perigos não são iguais aos dos outros e obviamente, sem achar que o mundo é inocente, inocentemente eu fico pensando sobre isso! Tive a resposta de uma única pessoa ainda esses dias e sem qualquer palavra que falasse exatamente disso; porque se trata de alguém cujo diálogo comigo acontece por meio dessa linha existente dentro de cada um de nós, meio perigosa porque vai de encontro com algo que pode ser fatal, mortal e ao mesmo tempo novo, curioso, por fazer falar sua imaginação sobre coisas nunca pensadas, pouco credibilizadas ou conhecidas. Se levo isso ao leitor de forma mais esclarecedora, então terei que mencioná-lo e o farei, pois é com muito orgulho que o declaro um dos meus melhores contestadores, título esse que só atribúo aos bons e sagazes amigos!!
Então se começando uma certa história e na verdade por meio dela uma certa declaração, eu direi que meu amigo violeiro é uma personagem que cultivo e implico por justamente sentir que assim posso. Liberdade entre almas (aliás, diga-se de passagem, é ele quem mais desse lado inexplicável do existir me fala), eu posso contar que são assim: perigosas as nossas linhas da plataforma... Feche os olhos meu amigo, ouça o barulho que vem de longe, dentro desse túnel há vagões cheios de mundos, circulando dentro de si, circulando dentro do espaço que nos guia e ouça mais do som, quão próximo ele está, vai chegando e esqueça dessa linha... Mas ouça os sons, mais próximos eles começam a se misturar, como eu ou você, nossos amores humanos, nossos pesares humanos, seres humanos... Ouça cada ruído e junte-os todos!!
Seres humanos, almas humanas?
E sinta quase um sopro, e vem chegando, esqueça da linha e saiba, imagine, a plataforma em que você está e eu aqui do outro lado, esperando o veículo que certamente vem em sentido contrário, mas não perca o som, não deixe escapar o ruído!!
Aqui, eu confesso, abri os olhos e vi um grande verde pasto abrir atrás de você e figuras de um álbum comum juntando-se perto do seu corpo e uma olhada para trás, vejo as mesmas coisas; mas presos aqui, intraterrenos, dentro do metrô, vagões cheios de mundos, circulam nossas almas e fecho novamente os olhos, mas perdi o foco, perdi o fio... O último vagão passou por mim, antes parou, subiram e desceram mais almas e por um minuto, onde está você?
Foi também, esqueceu da experiência?
Abriu os olhos como eu?
E fico procurando aqui e ali, acabo de passar meus olhos sobre toda a estação e a surpresa, eu como bicho preso, encurralado na caçada... Ele não se foi com o veículo, não embarcou com outras almas, está aqui, na minha plataforma!
Como conseguiu passar por entre os vagões?
Então não precisa de palavras, existe uma linha de diálogo entre nós, não é?
Pois eu explico por mim!! Fecho os olhos, tudo de novo, sons e o vento que começa a aumentar com a chegada do veículo... É preciso ser corajoso para cruzar a linha de advertência, então, avisado dos perigos, uma vez que já entrou na confusão espacial do caos circulante dentro de si, você pode tudo! Atravessar por meio de qualquer vagão à 200 km por hora e conhecer a alma dentro do corpo, dentro do mundo, dentro do outro de olhos fechados, sentindo apenas isso, cruzando apenas as suas barreiras.
Abri meus olhos pra ver a sua experiência e inocência minha se não soubesse que ali na outra plataforma faz você exatemente o mesmo, mas daí, vejo a cena comum que nos prende, o cenário que vivemos, pouca cidade grande, muito verde pasto, nada de ruídos no metrô, mas pássaros, latidos e ecos da reunião hoje ou amanhã, alguns camaradas, algumas ciladas, muitas almas "nos vagões"... Nossos mundos, dentro de um mesmo mundo e feche os olhos, ouça os ruídos, não os do veículo que pode nos levar, mas àqueles que estão dentro de nós!

Violeiro, violeiro...
... "San Tiago", meu amigo,
uma carta-experiência, pra dizer apenas isso:
viagens fantásticas suas, concretos tiros mirados meus.
A caçada, é uma linha "perigosa"
para os que não se atrevem à junção dos mundos!!!
- Diálogos com os olhos, sinceramente,
é bom ter você por perto! -

5 comentários:

Anônimo disse...

A magia das palavras é um previlégio técnico que se serve à poucos, mesmo assim é sempre bom saber que atinge de forma correta os leitores. Pois, o quê seria de um talento preso sem as chaves nas mãos de seus adimiradores?

Original, duro e realista; original, seco e pessimista;
original, inteligente e altamente talentoso!

Meus parabéns "Leo", seu mundo concreto de coisas abstratas é realmente a oportunidade, aos seus leitores, de usar as chaves da imaginação!

Seguirei lendo.

Santiago Raizêro disse...

há um lado extremo
em cada fio de pensamento
e eu não ambiciono a certeza
de poder vir a saber
se é do mal ou do bem
o ato de alguém

mas meu ato em resultado
se faz por consequência
da origem que me salta

a primeira impressão minha
a minha prisão primata

mas isso tudo é
muito sério agora, agora

fio de pensamento
eu lamento mesmo que puro
só lamento

que engula o excremento
que produziu,

mas não seria melhor viver de vento||

não há mais tempo aki dentro
pra poezia
agora, há uma barriga vazia

melhor dar razão a quem perdoa
melhor dar perdão a quem perdeu

melhor roubar versos brandos
que atender aos rugidos do undergruond do ser

e quem não já coração maltratado
e quem não já tempestades e ímpetos
e quem agora onipresente

Leon, a bebida dos Vedas acende

Lampião sabia bem disso...

(Disse-se um dia numa trip, que se alguém encontrasse uma máquina do tempo
e quizesse usá-la para ir até o futuro roubar uma informação, voltar e fazer uma grana
fácil, e que essas informações fossem idéias, arte, música, essa pessoa
certamente ficaria rica e certamente não seria descoberta...isso disse-se a respeito
do común fato de a gente ter uma idéia, não dizer a ninguém e depois alguém fazer,
ou escrever algo, depois ver por aí escrito... datado de muito antes...
...será que já rola isso...ou a gente que não cria nada, canaliza do universo, sei lá

...ah, e dizem por aí q o barbeiro do Lampião
fazia a barba dele com uma mouser na nuca...
...hehe...que remédio...

Santiago Raizêro disse...

"Como é por ignorância transito,

mas se fosse unicamente para

menoscapar da minha alta prosopopéia,

dar-te-ia um soco no alto da sinagoga

que por-te-ia mais raso do que solo pátrio!"


Fazendo a anunciação como preleção do vôo razante que está por vir...
...a pinicada na viola vai ser profunda...
...Santiago & a Psylocibina , a Revolução...música quânticÁAA...

Santiago Raizêro disse...

Aaah...só pra descaracterizar o roubo...as linhas escritas do primeiro post 23 e 24 são de uma música do Zeca Baleiro, todos os direitos reservados...
...kkk...só agora reparei, o fundo do blog é igual o azulejo daquela sua casa no longato...kkk...flow aê

Anônimo disse...

Quanta coisa boa!
Tô impressionado com o talento das palavras, são todos textos e poemas seus?

Parabéns!!