30 de setembro de 2013

O Tratado da Verdade

João foi muito longe em suas trilhas e assim
testemunhou o que fazia secretamente Eloá
que entre as plumas e pratarias do mercado
oferecia mero deleite seu, quando vendia um
a um, segredos que os contratos proibiam!

Ocorre que João amou a todos, e em verdade
foi até mesmo um amante aventuroso de Eloá
que de vergonhas lhe cobriu o rosto, mentiras
bem contadas, verdades disfarçadas e enxofre
das cavas onde o diabo procurava encontrar!

João teve a coragem de acusar-lhe, crimes que
aos outros dispensou, mas Eloá foi-lhe peçonha
que aos outros os seus crimes em João tratou
de encravar; o falso, o crime, o jocoso... Ali, ali
está ele, queimem seus escritos, injúrias pagãs!

Eloá, o sacerdote que fingia ser, imaginou-se
protegido por trás das pobres almas, emurado
mas entre as profecias, levantar-se-ia, o João,
aquele grande bastardo, que de golpe lhe amou
e aos poucos lhe soube, criatura pretória e vã!

Saberão compradores dessas plumas e pratas
onde as cobras se arrastam, enlaçadas e em nó?
E por quê sentir dó, se aos venenos protegem?
Saberão bem aos poucos que fentiços e farsas,
hão de ser melhores, pelas garras "pias" de Eloá!

Pois sábio, João, se escondeu bem pra lá desses
montes e sábio ainda, percorreu ao lado do rio
pois beber de fronte, água que reflete o rosto é
maior bem que o bem maior de achar que a fonte
vem de graça pelas falas e retóricas de Eloá!

João não vendeu segredos doces, nem aqueles
amargos do passado cortesão, nem apontou
os dedos ao longe dizendo: a verdade está em
minhas mãos... João abandonou de cuspe Eloá
que agora parece, perdeu força e seu cajado!


- As escrituras nunca serão 
suficientes para mostrar
que as verdades escritas sempre
hão de queimar-se
hão de deixar-se
e hão de esquecer-se -

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