30 de abril de 2015

A Fogueira

Era um túnel vazio, mas cheio de medo
dentro de cada tijolo um grito de desespero
e os passos acelerados que ainda ouço ou vejo
traziam histórias sofridas, sozinhos,
seu atravessar escondido, confuso em desejos.

Era uma noite estrelada, mas cheia de pejo
soturna em cada recanto guardando o segredo
e as testemunhas que choram nesse enorme cortejo
faziam questão do corpo, já frio,
sua decomposição, cheirando à flores-silêncio.

Era um caminho apenas, mas cheio de alento
dentro de cada escusa um vício em sacramento
e os ministros atribulados que são aliados do tempo
louvavam um santo inglório, corrupto,
seu galardão de injúrias, mero rezar sem um credo.

Nas ruas há sempre uma culpa, um acidente
dentro dos relatos há furtos, desses que mentem
e os inocentes são bruxos que ainda queimam e só
pois seus chás que nos curam, ou mutam,
são obras do além que algum clero espera calar.


Queimem as bruxas!
Elas são uma ameaça
à fé
até
aqui...

Nenhum comentário: